" Ide por todo o mundo e pregai o evangelho
          Marcos 16:15
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Marcos 16:15
Respeito e Dignidade     
Eles precisam de apoio da família,da sociedade e do governo.
    Certa vez,na cidade de São Paulo,senito o impacto de uma palavra dita com ironia:"Sai da frente,velho."
    Numa esquina movimentada,eu havia reduzido a volocidade do carro para ver o nome da rua.Impaciente,o motorista do veículo que vinha atrás buzinou insistentemente e me ultrapassou,proferindo o elogio mencionado acima.Era um homem de uns quarenta anos de idade.No banco traseiro,havia duas ou três crianças.
    Confesso que me senti magoado,pois foi a primeira vez que fui tratado dessa maneira.Minutos depois,refleti:"Sou velho,mas tenho saude.Será que esse homem vai chegar à minha idade com a disposição que tenho para viver e trabalhar?" À noite,o sentimento de mágoa foi substituído pelo espírito de perdão e,antes de dormir,orei por aquele homem que não dera bom exemplo aos filhos.
    Ao relembrar esse episódio,quero destacar o fato de que longevidade nem sempre atria atenção e respeito.Viver muito é bom,mas a sociedade ainda vê o idoso como uma pedra no meio do caminho.
    O Estatuto do Idoso (2003) afirma que "o envelhecimento é um direito personalíssimo". Nesse aspecto,o Brasil está melhorando,pois a expectativa de vida dos nascidos a partir de 2008 é de 72,8 anos,de acordo com o IBGE.Isso significa 3 anos,2 meses e 12 dias a mais em relação aos nascido em 1998.
    Em nosso país,há 19 milhões de pessoas com 60 anos ou mais,o que representa 10% da população brasileira.Desse contingente,quase 6 milhões trabalham (30,9%).Os que estão acima de 70 anos e exercem atividade remunerada representa,m 18,4%.
    Contudo,é importante observar que à medida que o envelhecimetno populacional ocorre no mundo inteiro,a violência contra os idosos cresce.Infelizmente,eles não são tratados com a dignidade prevista em lei.Marina da Cruz Silva,mestre em Psicologia Gerontológica pela Universidade Ertangen-Nürnberg,Alemanha,afirma que "a velhice não torna um ser humano menos ou mais importante que os demais cidadãos,porém o caráter débil e a falta de respeito aos direitos humanos e sociais no Brasil colocaram os idosos numa situação crítica.Se,por um lado,o aparato legal contempla os direitos sociais,por outro,a situação do idoso "desmistifica a letra morta da lei."
    Luz no fim do tunel
    A partir dos anos 70,apareceram as primeiras iniciativas governamentais visando a dar alguma aten1ão à realidade do idoso.Até,então,o trabalho pelos idosos era de natureza caritativa,realizado por entidades filantrópicas ou ordens religiosas.Depois de alguns passos tímidos,veio a Lei n° 8.842/94,que criou o Conselho Nacional do Idoso,responsável pela viabilização do convívio,integração e ocupação do convívio,integração e ocupação do idoso na sociedade.
    Foi um passo  e tanto,mas é necessário conjugar esforços das autoridades constituídas e da sociedade em todos os níveis,para que a letra da lei não fique apenas no papel.No artigo 3° das Disposições Preliminares,o Estatuto do Idoso diz:"É obrigação da família,da comunidade,da sociedade e do Poder Publico assegurar ao idoso,com absoluta prioridade,a efetivação do direito à vida,à saude,à alimentação,à educação,à cultura,ao esporte,ao lazer,ao trabalho,à cidadania,à liberdade,à dignidade,ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
    Às autoridades compete cumprir a lei,mas as ações não se restringem aos poderes publicos:compreendem,entre outras coisas,"atendimento do idoso por sua própria família,em detrimetno do atendimento asilar,exceto dos que não possuem ou carecem de condições de manutenção da própria subsistência" (Parágrafo unico do artigo 3°.
    Campo de batalha
    As políticas publicas em favor dos idosos são indispensáveis,mas é no âmbito da família,acima de tudo,que os direitos deles precisam ser respeitados.No Brasil,mais de 90% das pessoas acima de 60 anos moram com parentes ou vivem em suas próprias casas.A maioria das queixas é contra os filhos,netos ou cônjugues,ao passo que 7% dos casos têm que ver com outros parentes.
    As denuncias de abusos econômicos estão em primeiro lugar,vindo em segundo e terceiro,respectivamente,as de agressões físicas e de recusa dos familiares em dar proteção.
    Os maus-tratos ocorrem em famílias de todos os níveis sociais,mas os abusos aumentam quando as famílias enfrentam problemas econômicos e desorganização social.
    As formas mais comuns de abuso são:negligência (exclusão sociais e abandono);violação (dos deveres humanos,legais e médicos); privação (financeira,de escolhas e decisões).Os maus0tratos têm como fonte o isolamento social e o abandono na velhice.
    No ambiente da família,as mulheres são proporcionalmente mais vítimas de abuso do que os homens.Já nas ruas,eles são o alvo preferencial.
    Os idosos mais vulneráveis são os que têm limitação física ou mental:dificuldades de locomoção,incontinência,problemas de esquecimento,confusão mental,alterações do sono,etc.Às vezes,até mesmo pessoas contratadas para cuidar de um idoso cometem abuso.Por isso,os filhos ou responsáveis precisam estar atentos.
    Entre as consequências dos maus-tratos,estão as seguintes: depressão,alienação,desordem pós-traumática,sentimento de culpa e negação das ocorrências e situações que levam os idosos a viver em desesperança.Segundo a American Medical Association,entende-se por abuso "qualquer ato de comissão ou omissão que resulte em lesão ou ameaça de lesão à saude e ao bem-estar de uma pessoa idosa."O abuso pode ser físico,psicológico,sexual ou financeiro.Célia Afonso Gonçalves afirma que ele "pode ser intencional ou não intencional,ou resultar de negligência".
    Ação conjunta
    Se,por um lado,os membros da família devem desincumbir-se da responsabilidade de cuidar dos que sofrem os efeitos da idade avançada,por outro,são necessárias algumas urgências para que os direitos dos idosos não fiquem mofando no fundo do bau.Por exemplo:
    1- Ampla divulgação do Estatudo do Idoso,que é dever governamental.
    2- Implantação de serviços específicos de denuncia contra a violência.Márcia Florêncio revela:" É do segmento de pessoas com 60 a 75 anos que surgem as principais denuncias de maus-tratos.Nessa faixa etária,boa parte dos idosos é ativa física e intelectualmente,e dispõem de mais atonomia e condições de procurar ajuda."
    3- Instalação de dispositivos e sinais em ruas e trabesas das cidades.
    4- Promoção de campanhas educativas sobre os direitos dos idosos.
    5- Conscientização sobre a urgência na prestação de serviços aos idoso na área de saude.
   Conclusão
    O idoso precisa ser tratado com respeito e dignidade.Quando criança,foi paparicado pelos pais e parentes.Quando jovem,admirado por sua força.Quando adulto,participou no progresso de sua comunidade e,por isso,foi reconhecido pelas pessoas que o cercavam.Contudo,na velhice,fica sujeito a ser visto como uma pedra no caminho.Mas esse clima de indiferença e ingratidão precisa dar lugar a atitudes de solidariedade,respeito e cuidado.Não por mero dever,mas por amor e reconhecimento.
    No Salmo 71:9, o poeta pediu a Deus:"Não me rejeites na minha velhice;quano me faltarem as forças,não me desampares." Na sociedade egoísta em que vivemos,o descaso par acom os idosos é sinônimo de desamparo,solidão e esquecimento.
    Você,leitor,pode fazer a diferença,tornando seu ambiente de ação um oásis para as pessoas cujas forças estão se esvaindo.Deus precisa de mãos humanas para amparar nossos velhinhos.Se nós a emprestarmos ao Altíssimo,eles recuperarão a alegria de viver.
    Fatores de risco para abuso de idosos
    *  idade avançada
    *  escassos recursos econômicos,socias
    *  baixos rendimentos,precárias condições de salubridade
    *  isolamento social
    *  nível sócio-econômico reduzido
    *  baixo nvel educacional
    *  debilidade funcional
    *  abuso de substância pelo prestador de cuidados ou pelo idoso
    *  Alterações psicológicas e personalidade patológica
    *  história anterior de violência
    *  frustração ou exaustão do prestados de cuidados
    *  limitação cognitiva
       (Adapt. de Swagerty DL Jr, Takahashi PY,Evans JM.Elder mistreatment. Am Fam Physician 1999 May 15;59 (10); 2804-8).


                                  Rubens Lessa é jornalista e escritor
  
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